terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Roda da Misericórdia

A RODA DA MISERICÓRDIA
OU ALFORRIA DOS INOCENTES
Uma Alternativa ao Aborto
J. Jorge Peralta
Roda da Misericórdia - Basílica da Estrela Lisboa - Pt
1. Foi divulgado na grande imprensa nacional, no Brasil, um acontecimento que faz pensar a quem tem responsabilidade social: uma jovem escondeu sua gravidez indesejada da família. Após dar à luz o seu filho, descartou-o jogando-o, embrulhado, em um terreno baldio, do outro lado de um muro, de quatro metros de altura, vizinho ao seu quintal. Pelo choro, alguém descobriu a criança e encaminhou-a às autoridades. Descoberta,  a mãe tem contas a pagar à justiça. Este é um fato, triste e trágico, entre muitos milhares diários.

2. Até o ano de 1950 no Brasil, existia uma multissecular  e benemérita instituição, denominada Roda da Misericórdia, também chamada Roda dos Enjeitados ou Roda dos Expostos
A Roda sempre esteve disponível nos Conventos Femininos e nos Hospitais – Santas Casas de Misericórdia. Na Roda da Misericórdia, as famílias depositavam doações anônimas de gêneros alimentícios, para a manutenção das religiosas.
Na mesma Roda da Misericórdia, as mulheres que engravidavam  em condições não aprovadas socialmente, depositavam secretamente seus filhos não desejados, para lhes garantir um nome e cidadania, de alguém que viesse a adotá-los. “Proibidas” socialmente de mantê-los, as mães preservavam suas vidas, com  a compreensão da própria sociedade, que lhes dava uma alternativa digna.

3. No nosso tempo destrambelado, hipócrita e  desumano a instituição da Roda foi abolida.
As mulheres que, por algum descuido, engravidarem têm uma única saída criminosa: abortar, ou, depois que a criança nascer, descartá-la, como se fosse algo inanimado...
Para resolver o impasse, a nossa sociedade, hipócrita e sádica, propõe-se a legalizar o aborto. A mãe, sem cometer crime legal, pode matar o feto, para não ser incomodada...

4. Diante destas duas soluções antagônicas: A Roda da Vida ou o aborto: a Matança dos Inocentes, por longo tempo penso em uma saída humana para esta  tragédia.
Depois de muito pensar, veio-me uma terceira saída, como opção digna: que a sociedade restaure a Roda da Misericórdia, em novas dimensões:
A toda a mulher, que venha a ter um filho  “indesejado” e que não puder pagar médico para a assistir ou hospital para dar à luz, serão concedidos  todos os direitos, em caráter  de irrestrita privacidade, tais como: assistência médica gratuita, exames e orientação, pré-natal, parto assistido e acompanhamento pós-parto.
Esta solução poderia ter o nome de “Proteção dos Inocentes” ou “Roda da Vida”.

5. Deve ficará estabelecido em lei que o Estado assumirá a responsabilidade de cuidar dessas crianças, inclusive procurando uma família que a adote e cuide de sua saúde, educação e bem-estar.
O Estado deve acompanhar a vida dessa criança e o tratamento que a família adotiva lhe proporciona, até os 14 anos de idade, no mínimo.
O Estado deverá providenciar o surgimento e o apoio a instituições particulares, do tipo “Aldeias SOS”, financiadas e cuidadas por empresários, para possibilitar uma real socialização a essas crianças. Já existem outras instituições deste gênero.

PROJETO DE LEI
            6. Proponho que algum Deputado Federal ou Estadual proponha um projeto lei deste molde.
Este projeto, de alta densidade humana, deveria estar preparado para atender algumas centenas de mulheres/jovens por mês.

7. O Projeto de Lei “Proteção dos Inocentes”, também deveria estimular a organização de casas especializadas por instituições particulares ou públicas, de preferência sem fins lucrativos, para atender condignamente essas mulheres, e cuidar de suas crianças.
As crianças não adotadas estariam à disposição das mães que poderiam retomá-las logo que pudessem cuidar delas.
Um projeto desta natureza, diminuiria em muito o número das crianças e malfeitores que têm a rua como escola do crime e da violência urbana.
Em contrapartida, dando às crianças uma educação de caráter adequada e um lar com dignidade, em cada criança teríamos mais um jovem ou adulto capaz de contribuir para o bem estar  social e de ganhar o próprio pão com o suor do seu rosto, como fazem as pessoas dignas.

Leitor: Leve este esboço de sugestão para um deputado ou vereador seu amigo.
Você estará ajudando a criar uma sociedade mais justa.
(10.01.2011)

O 4º Rei Mago

REIS MAGOS, VENTUROSOS
Chegada do 4º Rei
J. Jorge Peralta

I – Aurora de um Novo Tempo
Presépio em Nova Dimensão

Figuras talhadas em madeira
1. A celebração dos Reis Magos, no dia 06 de janeiro, faz parte dos desdobramentos da Celebração do Natal Cristão. A presença dos Reis Magos e sua partida encerram o Ciclo do Natal, e abrem uma Nova Era, além fronteiras da Judéia. É a Epifania: Cristo exposto ao mundo.
Os Reis Magos marcam a Aurora de um Novo Tempo: A fraternidade Universal, aberta a todos os povos.
Os três Reis Magos fazem parte do cenário mágico e cheio de encanto do nascimento de Cristo, ambientado na Gruta de Belém, que é uma das mais belas e mais singelas marcas do cristianismo. Cria um ambiente cheio de beleza, simplicidade, despojamento e encantamento espiritual, como uma nova mensagem ao mundo.
Não pode haver quem não se sensibilize e se encante com este cenário vivo,  versátil e inspirador... Todos sentem que algo se anuncia, como um sonho dourado...

2. Em torno do Presépio respira-se uma atmosfera de mais profunda espiritualidade e humanismo, num sentimento de reconciliação universal e de confraternização das pessoas de todas as classes sociais. Suprem-se as barreiras que confinam as pessoas.
Há uma sensação de liberdade no ar. Uma revolução pacífica, sem traumas. O símbolo é um Menino: a força da vida vencendo a força da barbárie.
Um profundo ar de mistério e de claridade enche a amplidão.
O Presépio de Natal marca o reencontro do céu e da terra, dos humanos, e dos animais, dos mortais e dos imortais. O reencontro de todos os viventes em torno do Altíssimo:  o canto e o encanto das criaturas.

3. O Presépio de Natal, o estábulo, é um longo e vibrante discurso, com poucas palavras e muita ação. Entenda quem lê, escuta e vê.
Os grandes princípios, os pilares do cristianismo e do humanismo estão bem  claros, implícitos e explícitos,  na simplicidade despojada do Presépio e em toda a interação, em muitas dimensões, que aí se manifestou: humanos, seres celestiais, pastores, rebanhos, cantos, danças, gente pobre, gente rica, homens, mulheres, jovens e crianças, a vaca, o burrinho, os Reis Magos, o Governador da Galiléia, etc, etc.
Todos os viventes, de todos os tempos e espaços e de todas as culturas e religiões ali estão representados, absortos e encantados com a “Nova Mensagem”, sem palavreado...
Finalmente o Messias prometido chegou. O cativeiro espiritual acabou.

4. Agora o povo já pode retomar as cítaras e as liras que outrora nos salgueiros pendurou. Agora pode cantar em liberdade, os cantos  do seu Senhor, da Nova Sião.
Já pode tocar seus instrumentos, cantar, dançar, se confraternizar com incontida alegria, em harmonia com todos os povos, sem excluídos.
O Messias chegou; o mundo testemunhou; a tristeza acabou e a alegria se propagou, ao som das flautas, cítaras e liras. Um novo templo se edificou na Nova Jerusalém espiritual: Uma gruta funcional, tendo a abóbada celeste estrelada, como teto do Novo Templo. Nessa imensa Catedral do Universo todos os povos se confraternizam.
Os Reis Magos foram os avalistas  universais da Nova Jerusalém, prevista nas Escrituras.
Quando aprendermos as grandes lições do Presépio, estaremos preparados para entender melhor todo o Evangelho, de que ali se escreve e manifesta o grande exórdio, sem palavras.

Um Novo Espírito paira sobre o Presépio, como pairava sobre as águas do Gênesis.
Veremos então o Evangelho como uma das obras primas da humanidade. O Presépio marca um Novo Gênesis, um novo paraíso terreal. Mas em contrapartida, os semeadores de cizânia sempre lançarão forças contrárias, como tentou Herodes...
A Gruta de Belém, o Presépio, é um cenário apoteótico, eterno e imortal que jamais será desmontado. É uma alegoria imortal e eloquente. Este cenário revive na vida das pessoas que o reconhecem, em suas vidas.

II - Os Três Reis Magos

5. Destacamos aqui a presença dos Reis Magos que vieram de longe, guiados por uma estrela, para venerar um Rei Menino, que alguma revelação e convocação interior e espiritual lhes dizia que era o Messias, o Rei dos Reis, o Mensageiro da Luz e da Vida. Disto não tinham dúvida.
Os Presentes dos Três Reis representavam as Três Grandes Fases da Vida de Cristo, segundo exposição de Antônio Vieira, o Magno.
Ouro – A Fase gozosa: Infância, Adolescência e Pregação. A vida exuberante no seu esplendor. A espiritualidade. A peregrinação. A confraternização, a convivência
Mirra – A Fase dolorosa: Paixão. A tristeza, o sofrimento e desilusões da vida, a serem superadas
Incenso – A Fase gloriosa: Ressurreição. A alegria sem jaça e eterna. A superação das adversidades. A divindade
No Evangelho, os Três Reis Magos são apresentados sem mais especificações. São pessoas especiais que vêm homenagear um Menino predestinado... da família de Davi.
É que, para o cristianismo as pessoas são todas iguais, enquanto seres humanos, sem superiores nem inferiores. Por isso não é informada a cor da pele ou a região de cada um. Isto não era pertinente.

6. A Tradição Cristã diz-nos que os Três Reis Magos representavam os Três Continentes, então conhecidos: A Europa, a África e a Ásia.
O Africano era negro, procedente da Etiópia, de nome Baltazar. Teria sido o antepassado de Prestes João. Os outros dois eram brancos, da Europa e da Ásia.
A tradição nos revela o nome dos Três Reis:
Melchior, Gaspar e Baltazar. Seriam descendentes dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé.
Os três Reis ao chegarem juntos à gruta, juntos presentearam o Menino. Confirmam, para sempre, os direitos iguais de todos os povos e de todas as raças, sem discriminação. Brancos, Negros, Amarelos ou Vermelhos, no Cristianismo, todos têm cidadania plena. Rejeita a discriminação.

7. Os Três Reis trouxeram presentes para o Rei dos Reis. Trouxeram ouro, incenso e mirra, como já observamos.
O ouro para homenagear a realeza e a imortalidade: o poder maior, o poder espiritual. Representava a vida de Cristo pelo mundo, pregando a Mensagem. Representa a Mensagem Eterna do Evangelho
A mirra representa a vida dolorosa de Cristo, seu sofrimento, paixão e morte: o sofrimento dos humanos.
O incenso  significa a Ressurreição gloriosa de Cristo, o triunfo sobre o sofrimento e a morte. A volta para o Pai. A vinda do Espírito Inspirador.
Desta forma, os Reis Magos, com seus presentes, também profetizaram a vida de Cristo e a Dinâmica da Mensagem do Evangelho. A força dinâmica e transformadora da Nova Mensagem.

8. Os Reis Magos, chegados a 6 de janeiro, acamparam nas proximidades do Presépio. Suas caravanas e seus servos cuidaram de seus camelos.
Caravanas de camelos eram comuns por aquelas terras.
Após a visita ao Menino, os Reis confabularam longamente entre si; conversaram com Maria, a Mãe do Menino e com seu Pai, José. Ficaram encantados com o espírito de sabedoria que rescendia daquele espaço, com foco no Presépio, a gruta de Belém. Teriam muito para refletir por muitas gerações. São os emissários de um Deus Menino, o Cristo da Paz.
Sentiam que um Novo Mundo ali se manifestava, naquela mensagem de paz e de desprendimento, revelando a alegria de viver, na fraternidade universal, quando todos compartilham o pão, que todos ajudam a produzir, solidariamente, como irmãos. Em seus rostos e em seu coração brilhava Nova Luz.

III – O Quarto Rei Mago - Tibiriçá

9. Diz o Magno Orador, o P. Antônio Vieira, que faltou no Dia de Reis, no Presépio, o Rei que representava o quarto Continente, descoberto pelos Portugueses: a América, ainda desconhecida.
Um grande pintor português, do século XV e XVI, Grão Vasco, pintou, entre 1500 e 1506, uma tela sugestiva e inovadora, representando a chegada  de quatro Reis Magos ao Presépio.
O Continente Americano está representado por um índio brasileiro, a quem poderíamos dar o nome de Tibiriçá. Tibiriçá é o nome do chefe indígena que, em São Paulo, no século XVI, foi o grande arrimo dos Jesuítas, comandados por Manuel da Nóbrega, na implantação da nova civilização e do cristianismo no Novo Mundo. Seus despojos repousam na cripta da Catedral da Sé.

10. Qual seria o presente do 4º  Rei Mago, das Américas – Tibiriçá?
Eu acredito que seria uma ânfora de água pura da rocha.
A água é essencial à vida, e está disponível para todos, por toda a parte. Na hora da sede, um copo de água recupera vidas. A água, como presente, representaria a alteridade que é a essência do Mandamento Novo: a Confraternização de todos os Povos. Um copo de água, no deserto, vale mais que seu peso em ouro. O Brasil tem os maiores mananciais de água da terra. Algo precioso.
A chegada do quarto Rei Mago, completa o sentido da Universalidade, significada nos quatro pontos cardeais.
O quarto Rei Mago das Américas, o Tibiriçá, chegou ao Presépio apenas em 1500, mas com uma missão sublime: Profetizar a renovação do Mundo, a partir do Brasil. Este é um processo em curso, que não sabemos como nem quando será plenificado. Há sempre forças tentando postergá-lo. No entanto, a escalada do Bem é irreversível.

Personagens Eternos
11. Os Reis Magos são personagens imortais, eternos. Viverão enquanto reviver, todos os dias, pelo mundo a fora, a Mensagem do Presépio de Belém, iluminado por uma estrela também eterna: a Estrela da Manhã que precede a Nova Alvorada, que já vai surgindo, retardado por forças repressoras, sempre de prontidão.
Terminada a sua Missão de homenagear o Rei dos Reis, após alguns dias de convivência. Os Reis Magos levantaram o acampamento. Com seus camelos voltaram para seus países, onde contaram a seus povos as maravilhas que viram e ouvira. Como alegoria, sua missão é contínua e perene.
(06.01.2011)

  

       
        

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Música e Coesão Social

MÚSICA E COESÃO SOCIAL
Na Família, na Escola e na Comunidade
                              
                                                       J. Jorge Peralta

O Povo Brasileiro, como o Português e outros, fazem da música o refrão de suas vidas. Cantam por toda a parte. A Escola não pode perder essa tradição. A música alegra o coração das pessoas e é o veículo de união.

1. A música popular, que da alma do povo brotou, como o sol da primavera, é uma força coletiva, capaz de restaurar as forças perdidas na educação das novas  gerações.
O canto aquece o coração das pessoas e eleva a alma e o psiquismo.
Em momentos  como este, de certo marasmo cultural, com a educação
em crise, em todas as suas dimensões, a música pode ser uma nova alavanca sócio-cultural da sociedade. A música, cantada em grandes ou pequenos grupos, no processo de educação, se adequadamente  selecionada, estimula a solidariedade e a coesão grupal e acalenta o coração. Alavanca a alma nacional e o sentido do universal da vida.
Na música, as pessoas cantam juntas, a mesma letra, a mesma melodia, o mesmo ritmo e o mesmo tom.
Diz a sabedoria popular: quem canta, seus males espanta.
           
2. Ao propormos, novos paradigmas de uma sociedade próspera, em termos culturais e de bem-estar social, não podemos nos deixar cair na tentação de opor a cultura e o bem-estar  social, ao desenvolvimento técnico-científico e econômico. Antes, precisamos saber articular as duas dimensões. A cultura e a economia, são dois lados integrantes e intercomplementares da organização da vida na sociedade contemporânea. Separá-los é trilhar as sendas da decadência e do desequilíbrio sócio-cultural. Economia sem cultura  é como um corpo sem alma, sem vida, sem entusiasmo.

3. As canções conhecidas como folclóricas, ou do MPB, cantadas em coro, com ou sem movimentos, dão nova vida e novo alento às crianças e aos adolescentes, em hora de entretenimento.
A educação musical, hoje tão esquecida e abandonada, é um instrumento fundamental para criar, na escola, um espírito coletivo de solidariedade, união e auto-estima. O canto e a música alegram o coração das pessoas e da nação.
Não é compreensível que um instrumento tão eficaz de coesão grupal esteja sendo alijada de uma escola, onde já prestou tão bons serviços. A não ser que tenhamos como objetivo a degradação da nação. Solidariedade pratica-se, antes de ser teorizada.
Perdendo a música de raiz, a escola se racionaliza, e se intelectualiza, em abstrações pouco estimulantes e pouco convincentes, buscando uma produtividade impossível, sem recursos didáticos, adequados ao despertar de uma nova força entre todos os envolvidos: alunos e professores.
Quando falo em Música de Raiz, refiro-me às músicas que elevam o sentimento de solidariedade da sociedade sem qualquer viés de política partidária.
A música faz parte do projeto “Escola Viva e Ativa”, ainda não publicado.

4. Os educadores e as organizações comunitárias, formais ou informais seriam verdadeiros guardiões da tradição musical de nosso povo. No entanto, estes estão perdendo seu discurso. Os grandes meios de comunicação vão abafando e silenciando suas vozes, uma a uma.
A música é a alma de uma sociedade atuante e comunitária que vai sendo extinta, e sucedida por uma sociedade individualista, egoísta e esteriotipada.
A música é atividade social de primeira grandeza.
Fala ao espírito  e ao coração e estabelece elos de união.
Apelamos então para que as pessoas responsáveis devolvam a música  e o canto à escola e a todas as atividades sócio-culturais da comunidade: a música em que toda a platéia sejam o cantores.

5. A seguir dou partida para o início de uma seleção de músicas que podem prestar  um bom serviço a comunidade, na promoção da coesão social grupal.

MÚSICAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS / PORTUGUESAS

1- MESTRE ANDRÉ

2- CHAPÉU DE TRÊS BICOS

3- EU PERDI O DÓ

4- SAMBA LELÊ

5- ASA BRANCA

6- ASA BRANCA - GONZAGUINHA E LENINE

7- ALECRIM

8- DISPARADA

9- CAMINHANDO E CANTANDO

10- A BANDA

11- EU NASCI HÁ 10.000 ANOS ATRÁS

12- AQUARELA DO BRASIL

Obs. Durante este mês farei postagem neste espaço das músicas acima citadas.

Democracia Ameaçada

DEMOCRACIA AMEAÇADA
OU TIRANIA DISFARSADA?
J. Jorge Peralta

1. A democracia é definida como o governo do povo, pelo povo e para o povo e com o povo. Belo ideal, belo sonho, belas intenções, belo ideário. Tão belo que muitas monarquias assumiram, há séculos, a estratégia de governança democrática. Muitos dos Reis de Portugal eram democratas. Também no tempo do Império, D. Pedro I e D. Pedro II seguiam o ideário democrático, de feliz memória.
            A democracia opõe-se, naturalmente à tirania.
            O regime republicano é, quase naturalmente, democrático. Quando não é, simula. O lobo gosta de se apresentar com peles de ovelha, para não ser rejeitado...
            A República opõe-se, equivocadamente, à monarquia, como a democracia se opõe à tirania. Isto em teoria.
No entanto, os ideais democráticos preservaram poucos dos ideais que a constituem, teoricamente.

2. Hoje, tanto nos Regimes Republicanos como nos Regimes Monárquicos temos governos ditatoriais, despóticos, tiranos.
Na maior parte dos governos republicanos, ditos democráticos, vive-se um estado de ditadura e/ou de tirania, onde a lei é relegada a texto inoperante. Só vale para os inimigos. É discriminatória.
O pior de tudo são as tiranias disfarçadas, através de um populismo deletério que faz ruir os grandes valores do povo, trocados por algumas “moedas” assistencialistas, que têm por fim amortecer a consciência do povo e garantir o voto nas próximas eleições.
É o voto comprado pela fome, enganada com água e sal e uma colher de farinha, receita dos excluídos.

3. Nada pior do que uma ditadura disfarçada, por um processo dito democrático, apenas na metodologia.
O pior de tudo:
As chamadas democracias, regimes de “liberdade” por natureza, a primeira decisão que assumem, via de regra, é a desmoralização e a demonização do regime anterior, proibindo, quem quer que seja, de se referir, com admiração, ao regime anterior.  Cada governo pensa criar  uma nova história do país, às vezes execrando o que o precedeu. Esta é uma deplorável marca que combina ignorância com arrogância e presunção.
“Proíbe” é o nome exato e a realidade. Se proíbe de pensar diferente, então já foi rifada e estuprada a liberdade pessoal e social.
É proibido ter ideias diferentes dos pseudo-“donos do poder”. Isto é próprio da tirania! As pessoas têm de pensar como o grande chefe, guindado à condição de “grande irmão”. Risca-se a liberdade da vida. Quem se arrisca a pensar diferente, espere o troco... A tirania é vingativa; só pensa em vinganças... Essa máscara tem de cair.
Controla-se o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. É a Lei de “Três em um”... Neste caso a pluralidade é fantasia manipulatória ...
Este é o golpe de morte de qualquer democracia. Continua a ser chamada “democracia”, porque os que governam foram “eleitos” pelo povo.
Para aprendermos a reagir a toda a tirania e mentira oficializada, faz bem escutar de novo, Rui Barbosa:
“De tanto ver triunfar as nulidades;
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça.
De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
Se democracia é o “governo do povo, pelo povo, para o povo e com o povo”, sempre que este quesito essencial é desrespeitado, não é mais democracia. De democracia só tem a fantasia. Nomeia-se democracia por conveniência; para facilitar a dominação.
Governo conquistado através de uma campanha cheia de golpes baixos, de mentiras, de falcatruas e de mentiras, não é eleito pelo povo; é eleito pelo golpe baixo.
O povo votou comprado ou enganado. Não votou livremente.  Sem liberdade não há democracia. Votou, manipulado, contra os próprios interesses e contra os interesses da nação. Não sei como alguém poderá opor-se a este argumento. Mas não falta quem o abomine e o rejeite.

4. Alguém deveria fazer um estudo, com dados concretos, de que a imprensa diária está abarrotada, para saber onde existe democracia autêntica e onde democracia é o novo nome da tirania. Democracia de fachada é mentira oficializada.
Quem quer conquistar o poder “ainda que seja na marra”,  para a sua facção, certamente não está interessado no poder para o povo, mas para a sua facção, para o seu partido. O Presidente é presidente da nação e não do partido ou facção. Quando a realidade inverte o conceito, abre as portas à tirania.
E isto não deveria ser chamado de democracia; a não ser que se troque o conceito de democracia.

5. No entanto, a democracia não é apenas uma questão conceitual: é uma questão de prática e estratégia de gestão.
É preciso saber se o governo atende os interesses da nação, como um todo, ou se está voltado para atender, primeiro os interesses de uma facção, malbaratando o dinheiro que lhe entrega toda a população, colhido através dos impostos. 
O dinheiro dos impostos é do povo e para o povo. Não é do governo, que é apenas seu gestor.
A inversão deste princípio, quando uma facção domina e todos pagam para poucos, os detentores do poder, instala-se a servidão da maioria, também chamada escravidão, talvez camuflada...
As pessoas que estão no poder, eventualmente, numa democracia, têm direitos iguais aos de todo o povo. Não há duas nações: a do poder e a do pagador de impostos.
Nossos antepassados diziam, confiantes:
Não há mal que não se acabe
e nem bem que sempre dure
Nestas condições, e olhando em nossa volta, ao nosso redor, vemos que a Democracia está efetivamente ameaçada pela tirania.
Precisamos lutar, “com unhas e dentes” para que a democracia resista a todas essas forças deletérias que lhe são contrárias.

6. A lei da “FICHA LIMPA”, em boa hora proposta, por subscrição popular, e aprovada pelo Congresso Nacional, é um começo ainda frágil, mas é um começo. Há outras iniciativas alvissareiras, por todo o Brasil.
Se todos nos dermos as mãos, poderemos fazer do nosso país, uma grande nação. Potencial não lhe falta.
É melhor acender uma vela do que lastimar a escuridão”, diz o provérbio oriental.
E nos outros países lusófonos?! Como se manifesta a “Democracia”?! Ela é real, embrionária ou ainda uma fantasia?!
A Democracia real, sem fantasia é uma conquista de cada dia. Saibamos que, por perto, sempre ronda a tirania.
É dever de todo o Cidadão lutar por uma sociedade mais justa, por uma educação mais séria e consistente, por uma nação mais próspera e por um povo mais consciente. A educação é o termômetro da sociedade.
Só a educação séria e competente garante um futuro melhor para a nação.

Unilab

UNIVERSIDADE  DA LUSOFONIA
NO BRASIL – UNILAB

         J. Jorge Peralta

1. Deve ser saudado, como auspicioso, para a Lusofonia mundial, a criação, no Brasil, Ceará, da UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira. É auspicioso o Governo do Brasil assumir uma iniciativa de tal envergadura, para reforçar  ainda mais  os compromissos mútuos dos países da CPLP. Isto só trás vantagens para todos, podendo dar mais  força internacional  ao bloco da Lusofonia.
A UNILAB foi criada pela Lei nº 12.289, de 20/07/2010.
Segundo estabelece a Lei que a criou, a UNILAB tem por missão específica: formar recursos humanos para  contribuir para a Integração ente o Brasil e os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional. (Art. 2º).
A Lei acrescenta: A UNILAB caracterizará sua atuação pela cooperação internacional, pelo intercâmbio acadêmico e solidário com os países membros da CPLP, especialmente os países africanos, pela composição do corpo docente e discente (...) ( § 1º do Art. 2º).
A Universidade Internacional da Lusofonia está sendo instalada no Município de Redenção, no Ceará, distante 55 Km de Fortaleza. Está na Região do Brasil mais próxima à África.
A UNILAB garante intercâmbio com universitários de toda a CPLP: de Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Foi de estranhar o fato de a CPLP não ter sido contactada para prestigiar o evento, com eventual parceria, ao menos culturalmente. A Universidade não pode ser Internacional e de Integração da Lusofonia só no nome. Tem de ser, no espírito e de fato.

2. Por outro lado, acreditamos que a localização não é a mais adequada. Redenção tem como trunfo, o fato de ser a primeira cidade brasileira que aboliu a escravidão, no interior do Ceará. Com todo o respeito, não considero motivo suficiente para sediar uma Universidade Internacional, no século XXI,  a não ser para ficar às moscas, na sua perspectiva internacional.
A UNILAB não tem que cultivar eventuais ressentimentos; precisa investir  na solidariedade e na prosperidade dos povos lusófonos.
A UNILAB deve fazer parte das políticas públicas do Brasil, para a União dos Povos Lusófonos, com mais prosperidade. O local dificilmente atrairá os grandes mestres do mundo lusófono.  Não há, por perto, um grande centro de cultura.
Fazer uma Universidade não é isolar-se do mundo real. É antes viver experiências concretas. Estar onde a “vida” viceja...
Há lugares certos e lugares inadequados para sediar uma Universidade Internacional. Mas isto parece não ter sido levado em conta pelos  “estrategistas”.

O lugar mais adequado seria certamente, Salvador, na Bahia, ou Recife/Olinda, ou talvez Fortaleza ou Natal, por terem tradição cultural. Grandes atrativos seriam oferecidos pelo Rio de Janeiro e São Paulo; esta é, de longe,  a maior cidade da Lusofonia do mundo e a locomotiva econômica do Brasil, e ainda um paradigmático pólo de desenvolvimento econômico e cultural.
Se a UNILAB vingar, em sua linha internacional, como se espera, brevemente precisará mudar-se para cidade onde haja mais condições para sediá-la.
Em Redenção ficaria bem  uma Universidade Federal para atender toda a Região. Este projeto cabe lá. Assim sendo proponho que ali funcione  uma Universidade Federal.
Que a UNILAB seja logo transferida para uma região mais atrativa e chamativa, em relação aos povos africanos da Lusofonia e a toda a lusofonia internacional.

3. Esperamos que a nova Universidade possa se dedicar efetivamente à formação de pessoas competentes  e responsáveis, humana e cientificamente capazes e preparadas para servir ao seu povo, levando-lhe mais prosperidade e bem-estar.  Que não seja mais uma “agência” de diplomas, com precários conhecimentos. Isto desmoralizaria o Brasil, neste ponto.
Que os cargos sejam ocupados, não por seus ocupantes serem deste ou daquele partido, mas porque são pessoas adequadamente preparadas.
Que a política partidária esteja longe da UNILAB, mas que se aprenda a Política com “P” maiúsculo. Que prepare pessoas conscientes, críticas, criativas e dedicadas ao bem comum. Do contrário, não é Universidade e nem é Internacional.
Que seja elaborado, entre todos os países lusófonos uma Carta de Princípios, onde sejam estabelecidos padrões de qualidade do Ensino Superior, algo similar  à Declaração de Bolonha. Talvez a Carta de Coimbra... (Isto já propous em outra ocasião).
Que não se ponha lá gente para aumentar claques de governo nenhum, nem de partidos. A Lusofonia precisa estar além de ideologias ou de partidos. Precisa ser apartidária, mas decididamente atuante, a serviço dos Povos Lusófonos, e do Brasil, em particular.
Uma Universidade nunca pode ser feita para um governo ou um partido; a Universidade é para todo o povo; para a nação; para todas as nações lusófonas. Para um Povo complexo e plural, sem discriminações.
O interesse da nação, aqui, está acima dos interesses do governo. Esta é a grandeza do Espírito Universitário, que às vezes as pessoas apequenam, por terem ideias pequenas.

Enfim, quaisquer que sejam as intenções do atual governo, esta poderá ser uma iniciativa positiva para a Lusofonia Mundial, desde que seja sediada  em local, cultural e socialmente, mais adequado, com reais atrativos cosmopolitas e universitários.
No Brasil não faltam lugares ótimos para sediar  uma iniciativa de tais dimensões, como vimos acima.

4. Bem haja o governo brasileiro se conseguir instalar a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia, com espírito efetivamente universitário e dirigida por grandes mestres que engrandeçam e alavanquem  a alta competência da Lusofonia Mundial, que vai muito além dos oito  povos  de Língua Portuguesa. Que efetivamente contribuam para a ampla fraternidade e prosperidade dos Povos Lusófonos.
Em princípio, esta é uma iniciativa a ser festejada, com muita esperança.

Portugal já podia ter implantado uma Universidade com proposta idêntica.
No entanto, não esqueçamos que as Universidades brasileiras e portuguesas já formam, anualmente milhares de profissionais, em todos os ramos do saber, de cidadãos provenientes dos Povos Lusófonos, principalmente dos países africanos.
Só a USP forma, anualmente, muitas centenas de alunos dos Povos Lusófonos. A solidariedade e a fraternidade lusófona existe, bem viva, em muitas universidades brasileiras e portuguesas. Ainda bem.
Criar uma Universidade voltada, em princípio, para a Lusofonia Mundial já é um passo adiante.

Brasil Multirracial

BRASIL MULTIRRACIAL
Um País Uno e Plural ou Um País Dividido?!
J.Jorge Peralta
            A partir da promulgação do Estatuto da Igualdade Racial somos compelidos a fazer alguns comentários, correlacionados ao tema em destaque: a Questão Racial no Brasil. É o assunto do presente ensaio, que pode ser seguido de outros. Seguimos rumo, em contraponto, denunciando riscos prováveis, a serem  prevenidos, para o bem da nossa nação plural e unitária e para que esta Lei não seja a nova ânfora de Pandora.

1. Unidade na Diversidade
O Brasil, como povo e como nação, é uma das obras primas mais belas da civilização humana. Tem alguns defeitos  (qual não tem?!) e muitas virtudes, que garantem sua grandeza. Respeitêmo-lo como ele é.
Este é o país que conseguiu fazer a grande síntese da humanidade. Aqui coabitam todas as raças e povos, em convivência cordial.
            O Brasil é um País que consagrou a convivência pacífica da diversidade.
Pero Vaz de Caminha, em 1500, já registra o fantástico congraçamento de brancos e indígenas, na chegada de Cabral. Espelhou o tradicional olhar do português sobre o mundo.
Ninguém tem direito de desafinar mais esta orquestra. Procuremos, antes melhorar a sua afinação. Ela é genial.

Este é o país plural por natureza: um país miscigenado, em termos genéticos e culturais.
Brancos, negros, morenos, vermelhos, amarelos, aqui convivem sem perseguição e com relativo respeito à dignidade de cada um. Este é um povo cordial.
Cordial?! Cordial, sim, mas não perfeito. Rusgas entre uns e outros sempre haverá.  Tanto entre “raças” como entre irmãos.
Não é problema racial, é apenas fraqueza, cobiça ou farisaísmo da própria condição humana.
O Brasil é um país multirracial, um país plural. Todo o mundo sabe disso. Só alguns brasileiros não querem ver. Por ignorância, por desinformação ou por mal-querença, alguns querem retorcer e mudar os rumos da história do País.
Muitos não vêm esta realidade, positiva, que nos enleva, porque querem transplantar para cá os paradigmas dos EUA. Mas tal atitude não é adequada; São realidades muito diferentes que não prosperam. Mas incomodam muita gente. Tumultuam.
Muitos não conseguem entender a complexidade do modelo social brasileiro. Querem adotar aqui o modelo de análise da realidade americana. Impossível. Só pode gerar conflitos. As duas realidades, são incompatíveis. São também incompatíveis os modelos de análise.
Nos EUA, opõem-se brancos e negros. No Brasil, a realidade é outra. Temos uma  terceira categoria social, o mulato/moreno que é o elo de ligação nacional, originado, do relacionamento do branco com o negro. O mulato (branco+negro) é marca nacional.
Conseguimos construir um país unido e solidário. Quem agora está querendo dividi-lo? Parece que há sempre um Judas à espreita. Se nos descuidarmos, ele leva vantagem. Vamos reagir! Vamos recuperar o Brasil brasileiro e não deixar americanizá-lo...
Há muita visão equivocada. Vamos pensar juntos. Há, no Brasil e em outros países uma grande máquina de intimidação, de ameaça bem montada, mas é preciso reagir para não amordaçar a sociedade livre.
Não deixemos silenciar a “Aquarela do Brasil” (de Ary Barroso). Não deixemos o mundo urbano matar de vez o Brasil genuíno, original, que muito bem pode ser preservado. É este o Brasil que encanta o mundo. É esta a nossa grande mensagem de Paz!

2. Mandela no País Multirracial
Nélson Mandela, ao visitar o Brasil, após o fim do apartheid, saudou o Brasil, com orgulho, como país multirracial, onde brancos, negros e morenos convivem em paz e harmonia. Enfim, os ideais que ele queria ver implantado na África do Sul.
As ONGs berraram, farisaica e fascisticamente, porque Mandela prejudicava a sua atuação. Tirou-lhes a máscara e a razão.
Saiu em campo a “lei da mordaça” e a afirmação de Mandela foi banida, talvez em nome do “politicamente correto”. Pigmeus quiseram dar lições a um gigante.
O rolo compressor é terrível e massacrante... É sádico e perseguidor inveterado.
 Sim, muitas ONGs vivem da desavença. Até a criam quando não a acham. Mas a desavença sempre existirá entre as pessoas. Por inveja, por ódio, por ignorância, por totalitarismos fascistas e até por motivo de complexo e discriminação racial. Mas estas são mazelas da insensatez humana. A civilização trabalha para banir tão constrangedora mazela da sociedade, com sinceridade e lealdade à humanidade.
Não deixemos destampar a ânfora de Pandora. O Bem e o Mal coexistem sim. Alguns querem levantar a tampa da ânfora, para fazer sair os males, que estão na superfície, e tampar de novo para que os bens fiquem prisioneiros e a sociedade vire um pandemônio. Assim poderão infernizar a vida de muita gente dedicada e decente. Puro sadismo?!

3. Brasil, um País Multirracial
O Brasil, como tal, é um país cordial. Isto não significa ser morno, como muitos interpretam; morno ou frouxo. Isto ele não é. Mas é cordial e isto o honra, por mais que a onda “politicamente correta” o empurre para a agressão grosseira... que vão se tornando moda de bom tom (?!). Ser cordial, para alguns, não é marca de prestígio... São os cegos preconceituosos...
Nas escolas lhes ensinam preocupantes lições: que sejam arrogantes, abusados, vilões; que levem sempre vantagem, em qualquer situação.
Inimigos sempre os tereis por perto, diria alguém.
E Vieira retrucaria: “É melhor ter inimigo do que não os ter”. É sinal de que você tem algo mais, que o outro inveja. O Povo brasileiro é um povo vivo, ativo e sagaz.
Os judeus e árabes, em Israel e na Palestina, digladiam-se por disputas de territórios. Aqui convivem lado a lado, pacífica e amistosamente. Aqui vivem em paz, com o respeito a que têm direito todos os seres humanos.

4. Sementes da Discórdia
No Brasil, até dois anos atrás, nas salas de aula, ao menos em todas as escola públicas, havia um número determinado de alunos. Ninguém sabia quantos brancos, quantos negros e quantos morenos (mulatos). Jamais houve esta distinção, essa estatística. Eram apenas gente, alunos. Não havia, nem se imaginava, a distinção pela cor da pele. Apenas se distinguiam, eventualmente, por sexo: masculino/feminino. Não havia discriminação.
Todos conviviam natural e espontaneamente. O sistema cooperava.
A divisão só veio no governo atual, por obra e graça das ONGs que faturam no conflito e ameaçam com a “mordaça” a quem quer liberdade para pensar e seguir, por caminhos de ares menos poluídos, pela intransigência míope.
Neste governo, as ONGs da área, conseguiram até uma Secretaria/Ministério própria.
Para o Estatuto da “Igualdade” Racial, o brasileiro é antes branco ou negro e só depois é brasileiro. Para rechear suas estatísticas, agregaram aos negros, os morenos/mulatos, descartando-os com categoria. Ocultando-os, como se isto fosse possível!!
No entanto, os morenos/mulatos, não são negros. São uma categoria especial, com muita honra. Têm sangue branco e sangue negro. Podem então ser brancos ou negros, ou de preferência são morenos, como queria Darcy Ribeiro. No moreno temos a síntese da gente brasileira.
Os morenos  querem ser respeitados como morenos. São mulatos, isto é, são mestiços e formam uma comunidade respeitável na sociedade brasileira.

5. O Mulato em Destaque
Os mulatos/morenos/pardos são um alto contingente dos brasileiros. Aproximadamente 43,2% dos brasileiros são pardos/ mulatos/ morenos, segundo o IBGE. Ainda não há uma designação fixa. Eu prefiro “moreno”.
Não estou adotando o termo mulato, porque alguns o consideram, artificial e tendenciosamente, como depreciativo.  Lançaram descrédito preconceituoso sobre o nome mulato. Mas não é nome depreciativo. São interpretações falsas, tendenciosas e preconceituosas. Devem ser superadas e revertidas.
Acho, aliás, que poderia ser retomado o termo mulato, com todo o vigor e orgulho, vencendo preconceitos detestáveis, que ocorrem hoje, desonrando o País. Não esqueçamos que as nossas mulatas são padrão de beleza escultural internacional.
Se mestiço não sugere preconceito, por que o nome mulato é mal visto? Quem o quer denegrir? Vamos  iluminá-lo com a verdade sócio-cultural. Vamos recuperar-lhe a positividade.

Em termos lingüísticos, pela etimologia, a nossa palavra “mulato” vem da língua árabe e quer dizer, simplesmente, “mestiço”, isto é: filho de árabe com não árabe. A palavra “mulato” vem da palavra árabe “muwallad”. Wallad quer dizer: procriar.  
Lembremos que os árabes estiveram em Portugal, por 400 anos.
A Língua Portuguesa tem muitas palavras de origem árabe. Mulato é uma delas.

No Dicionário Latim-Português, de Hieronymo Cardoso, publicado em Lisboa, em 1569, a palavra “mulato” significa mestiço. Assim ficamos sabendo que, em Portugal, no século XVI, já havia mulatos, que eram os portugueses mestiços de árabe com lusitanos, por exemplo. Então não é uma palavra ofensiva. Por que seria?
Culturalmente, somos todos mulatos, pois nossa cultura é mestiça. Somos o Brasil Moreno.
A palavra mula, aplicada ao animal híbrido, tem a mesma origem, com o significado de “mestiço”.
O nome “mulato” não tem nada a ver com o animal muar. Apenas o nome dos dois tem origem no conceito de mestiço, como origem genética, sem interferência biológica ou de status social.

Há algum tempo ouvi um estudante, na Faculdade, dizer que não é mulato, porque a mãe dele não é mula. Veja o que faz a informação preconceituosa. Ao lhe informar eu que a palavra mulato quer apenas dizer que ele é mestiço, ele se alegrou, e se sentiu enganado, dizendo que então gostava de ser mulato, porque de fato é mestiço. Achou então a palavra bonita e verdadeira. Jamais ofensiva como alguém lhe anunciara. Estes preconceitos, forjados  e ofensivos, são criminosos. É preciso desmascará-los.
Hoje, mulato significa, etimologicamente apenas: mestiço = filho de branco com pessoa de cor negra. No nosso caso designa: Português + Negro = Mestiço=Mulato=Moreno.

O Brasil é um país moreno. Assim é o nosso povo. Um povo belo e honrado.
Assim é e assim será. É o nosso DNA.

6. O Estatuto Une ou Divide?!
Estão impondo ao país, goela abaixo, o Estatuto da Igualdade Racial, de intenções um tanto quanto inconfessáveis.
Quanto ao projeto do Estatuto foi divulgado, em 2007/2008, causou profunda celeuma.
A antiga Ministra/Secretária da Igualdade Racial deixou clara as intenções perversas do Estatuto, ao tentar impô-lo “na marra”.
A Imprensa nacional degladiou-se, denunciando o caráter nada democrático do Estatuto. A polêmica nacional marcou o momento, que chegou a ser constrangedor, mas muito esclarecedor.
Desmascarou o tal Estatuto.

Igualdade entre todas as pessoas, sem discriminação, é o que todos querem, mas não novas artimanhas para jogar uns contra os outros, para dar mais poder de manobra a alguém.

O verdadeiro Estatuto da Igualdade é a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, proclamado pelo ONU.
A Constituição do Brasil, de 1988, é eloquente neste campo da igualdade social, que inclui a igualdade racial.
Finalmente, no início deste mês de julho (2010) o Estatuto, com profundas alterações, foi aprovado no Congresso Nacional, e promulgado pelo Presidente, no dia 20/07/2010. Algumas afrontas à razão humana e à igualdade entre as pessoas forma sanadas, mas o cerne permaneceu. O cerne insensato da divisão do povo brasileiro, golpeando sua característica essencial de um povo uno e diverso, um povo plural, foi mantido.
A Constituição exige tratamento a todos, por igual,  a cada um conforme a necessidade, sem paternalismo e sem discriminação de raça, sexo ou condição social, sempre como promoção humana. Isto é igualdade de direitos e de deveres.
Assim, todos os excluídos, socialmente, deveriam ter alguma proteção, quer sejam negros, brancos, amarelos ou vermelhos. Todos, sem discriminação, precisam ser beneficiados por medidas positivas, através de políticas públicas adequadas. Todos precisam ter sua oportunidade, sem castramentos, legais ou não.
Quisera eu que estivessem enganados todos quantos tiveram coragem de levantar sua voz contra  este desserviço à nação, de leis extravagantes.

7. Lei Implanta a Discórdia
Trocam a unidade e a paz do país por dividendos políticos, oportunistas, ante uma imprensa aturdida e babaca, sem aptidão crítica, subserviente...
Ao assinar este Estatuto, o atual governo compactuou com uma lei complementar que muitos consideram um crime de lesa-pátria. A conferir. Representa um simulacro de Apartheid racial americanizado, às avessas.
Estará dividindo o país entre povos, raças e etnias, ferindo gravemente e talvez irreversivelmente sua unidade multirracial, que era sua grande marca, seu maior motivo de orgulho.
A obra genial da fraternidade multirracial foi agredida. O coração do Brasil foi golpeado.

No novo Estatuto não teremos mais um povo de brasileiros e brasileiras, mas um povo de brancos, negros, afrodescendentes e eurodescendentes, etc. Desaparece o moreno/mulato, que era nossa marca registrada. Esquecem-no ou desconhecem-no como se fosse algo indigno e descartável. Sai da Estatística. Isto é que é indigno!
Entretanto, o mulato/moreno, tem tanto direito ao reconhecimento de sua especificidade racial, como o branco e como o negro. É questão de legitimidade. Falsificar a realidade é falsidade ideológica. Quem quer ser enganado?! Quem se cala?!
É uma condição humana, tão normal e tão genuína, ser descendente de branco+branca, ou negro+negra, ou branco+negra. Geneticamente até há alguns ganhos... Todos sabemos disso.
O mulato/moreno não tem porque envergonhar-se da própria genética. Deve antes se orgulhar. Quem quer enganar o povo? O Brasil orgulha-se de ser um povo mulato, miscigenado e mestiço.
Quem entende a história e a questão da interação humana sabe disto muito bem. O conhecimento está disponível para quem o procura; não tem trancas.
Agora, uns lutarão contra os outros, não pelos direitos iguais de todos, como cidadãos, mas cada um querendo tirar vantagem. Querem implantar a discórdia?! O Estatuto abona atos anti-sociais?!

O Estatuto lembra-me o bolo de aniversário de São Paulo: dada a largada, as pessoas se lançavam sobre o bolo, desorganizadamente e ambicionando pegar o mais que pudessem, numa sofreguidão deprimente. Jogavam ao chão uma boa parte. Quem chegasse alguns minutos depois já não teria nada para levar para os seus. O desperdício é de lastimar.
Mais uma vez vence a lei de Gérson:
Tirar vantagem em tudo”, contra quem quer que seja, e por tabela, contra si mesmo.
Só um Congresso débil, fraco, mambembe e subjugado, para cair nesta esparrela, destruindo o que promete.
Este é o país que o governo quer criar?! Que futuro queremos?!
Os ódios intergrupais, estimulados pelo nonsenso poderão jogar grupos contra grupos, em disputas armadas, fazendo jorrar mais sangue de inocentes. Alguém está apostando nesta opção?!
Não creio que alguém queira isto. Por que não se faz uma campanha cerrada, exigindo educação de qualidade para todos e postos de trabalho para todos viverem com dignidade do próprio trabalho e não da esmola que humilha e subjuga.

8. Fraternidade Ameaçada
É preciso acautelar-se dos semeadores da cizânia. Não deixe destruir o seu belo país.
O fatídico Estatuto pode ameaçar a fraternidade multirracial do Brasil.

Todos queremos, sim, um país igualitário. Mas não é por meio de leis, como esta, que alcançaremos mais justiça e equidade neste país fantástico, mas amordaçado por alguns manipulados e fracos sob o comando de forças iníquas e escusas.
Queremos todo o povo unido contra a desigualdade social, contra todas as injustiças, contra toda a discriminação, contra o racismo e contra o farisaísmo.
Sem dúvida esta lei poderá ter efeito danoso, contrário. Produz a cisão iníqua, no meio do povo. Em vez de abolir as divisões entre raças/etnias, aumentará a divisão.
O povo brasileiro repudia tal divisão. Esta lei é efetivamente iníqua e deve ser repudiada, em nome do ideal igualitário do povo brasileiro, que dizem querer implantar.
Fiquemos alerta para que esta previsão não prospere e para que o Estatuto, pela oposição que se lhe faz, se mude na prática num benefício efetivo a unidade multirracial do povo brasileiro. Que todos se mantenham solidários e fraternais, sem fronteiras raciais.

9. Dignidade sem Fronteiras
            Muitos podem não concordar com algumas das afirmações desta crônica. Todos têm direito de discordar, dando as suas razões, com lealdade. Este é o modo como encaro esta questão, muito séria, no âmbito das razões que expus.
Defendo a democracia multirracial e plural, com liberdade, igualdade e fraternidade, sem a “lei da mordaça” que alguns tentam impor a quem deles discorda.
O foco de tudo é a dignidade humana, sem fronteiras. Deste limite não deveríamos passar. Esta é a garantia das liberdades, com justiça, que tanto prezamos.
Devemos consultar sempre a Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana”, da ONU, que não exclui ninguém.
Amigos,
Para degustar, poética e artisticamente o cerne das ideias que aqui debato, recomendo que ouçam as gravações cujo link vai a seguir.
Basta clicar.



Leia mais, Dar é Humilhar (clique)
 DAR É HUMILHAR
                   ENSINAR É LIBERTAR
                              
                                    "Ganharás o pão
                                   com o suor de teu rosto"
                                         (Gêneses)

       
                   1

         NÃO FAÇA NADA  POR NINGUÉM

          Não faça nada por ninguém
          que isso humilha o cidadão,
          se é humano e capaz.
          É paternalismo furado.
          Acomoda mas incomoda.

          Dar o peixe
          é perpetuar  o pedinte.
          Ensinar a pescar
          é libertar.

          Ajude a obter o anzol
          e a programar a pesca,
          e terá  um homem capaz,
          auto-suficiente e feliz.

          Ensine cada um
a encontrar as próprias soluções,
          a definir o próprio rumo,
          a ser mais que um objeto de consumo,
          a ser um homem, não um cogumelo.

          Dê educação,
          ensine uma profissão.
          E o homem terá aptidão,
          e construirá a cidade
          com coragem e tenacidade.

          Construirá seu teto
          formará seu lar
          ganhará seu pão.
          Será um cidadão.
          Orgulhoso da vida,
          terá sua profissão,
          como um galardão.

          Dar o peixe é perpetuar  o pedinte.
          Ensinar a pescar é libertar.


                 2

             FAÇA TUDO

          Fazer pelo outro
          o que ele é capaz de fazer
          é dominá-lo, amordaçá-lo,
          anulá-lo, escravizá-lo,
          subservientá-lo, oprimi-lo...
          É fazer nada !
          Nada que possa ajudá-lo.
          É maltratá-lo.

          Mostrar-lhe o caminho
          apontar-lhe a luz,
          despertar sua vontade de vencer e de viver,
          é recuperá-lo e dar-lhe autonomia.
          É reerguer o homem.
          É fazer tudo.
          Tudo o que pode libertá-lo.

          E o homem se manterá confiante
          senhor de si, de seu caminho,
          livre do lobo e da serpente,
          da subserviência e da opressão.

          Liberto,
          o homem será um cidadão!
          E você também.
          Você terá feito tudo por seu irmão
          E basta!
          Do mais ele será capaz.
          Deu-lhe sua mão.
          Abriu-lhe seu coração.
          Deu-lhe educação.
Arrancou-o da humilhação.
          Tirou-o da contramão.
          Ajudou a recuperar um cidadão!
          E viva a nossa união!



                    3

           É DANDO QUE SE RECEBE

                             "Em se plantando tudo dá"
                                                                P.V.Caminha

        
        Se não estás disposto a suar a camisa,
        não serás merecedor,
        de um teto,
        de um afeto,
        ou de um prato de comida.

        O mundo moderno, populista
        é escravagista!
        Oprime os fracos com fantasias...
        com promessas vãs.
        Obstrui suas mentes e domina-as
        com falácias
        e falsos eldorados.

        Todos querem comer
        mas também é preciso plantar, cuidar e colher.
        Todos querem ter uma casa,
        mas quem se dispõe a construí-la?
        Todos querem o caminho, mas quem abrirá a picada?
        Quem fará a trilha?
        Quem compactará a estrada?

        Sem esforço nada teremos.
        Se o grão não morre não nasce a planta.
        Sem parto não haverá nova vida.
        Sem esforço e dedicação
        fenece a cidade, a família e o cidadão.

        O que vem do céu é a chuva e o sol,
        e até balão e avião.
        Se não plantarmos e cuidarmos
        só teremos capim para os quadrúpedes,
        e pouco mais.

        Cuida de tua planta e do teu chão
        e colherás frutos e sombra.
Cuida de teu espírito e terás a benção.
        Cuida de teu bem e terás amor.
        Com amor e dedicação
        inspiração e  transpiração,
e um pouco de sagacidade,
        Terás tudo o que precisares.

        Não queiras o que não produziste
        para não seres usurpador ou ladrão.
        Não queiras surrupiar o trabalho dos outros,
Se não o pagaste.
        Não sejas escravo de ti mesmo
Escravo de tua ambição.

        Faz e terás
        pois é dando que se recebe.
        O suor e o amor darão a vida,
        o amor, e o afeto,
        a casa e a comida!
             
        Se não cuidares da terra,
        Se não suares a camisa,
        não terás direito ao pão,
        ao teto, ao afeto nem a consideração.

        Não serás merecedor do sol
        que te aquece 
        nem da chuva que te refresca
        nem da sombra que te protege
        nem do amor que te acalenta e te completa.

        Esta é a lei da vida,
        a lei de Deus e dos homens.
        Tudo o mais é degradação;
        é enveredar pela contramão.